O jornalista é um contador de história. Quase nunca é um conto de fadas, nem sempre com um final feliz. Sou obrigado a ver, diariamente, casos absurdos que revelam o lado animalesco e bizarro de seres humanos. Humanos?
O cenário é uma rua num bairro pobre de Maceió. O personagem principal é um homem novo, com seus vinte e poucos anos. De coadjuvante, uma senhora que foi agredida pelo personagem principal. Ela levou um murro na cara, desmaiou e foi parar no hospital.
Ele está deitado no chão, cercado por dezenas e dezenas de pessoas, que lhe chutam o rosto, o abdômen, as costas e qualquer outra parte do corpo que alcancem. Na boca, sangue. Nos olhos, sangue. No rosto, sangue. Na camisa, sangue. Na população, o desejo de ver sangue.
De figurante, um jornalista cobre o fato, sem poder deter a fúria de uma comunidade, que não agüenta mais ver casos como este e faz justiça com as próprias mãos, com os próprios pés. Por vezes, até pegam uma pedra ou outra emprestada.
Que tipo de bicho é esse? O bicho homem, criado por... quem? Deus ou diabo?