sábado, 10 de maio de 2008

Não tão profundo

Eu estava alí. Mas era como se eu não estivesse. era uma fazenda grande. Eu dormia no chão. Num colchão no chão. Mas não era chão de cimento, era mato. Mato como se fosse do lado de fora.

E eu acordava todos os dias e ia pro colégio. O colégio que eu estudei durante toda a minha infância. Mas a minha intensão não era essa. Era saber quem eram meus amigos. Quem eram meus amigos? E meus professores?

De lá, eu vi o local que eu costumava sentar. Era o fundo da sala. Mas não o fundo fundão. Era um fundo só que mais pra frente e não tinha ninguém da minha frente. Não, eu não estava dormindo. Sei que não estava. Sabia que não estava dormindo. Estava escutando o barulho da rua, os carros buzinando e ouvindo a minha respiração forte - quase como um ronco - e sentia a boca seca. Estava só de olho fechado, pensando. E as perguntas não calavam: Quem são meus amigos? Quem são meus professores? E aquele mato, que mato era aquele? Por que o meu pai não falava comigo? Ele estava bravo? Quem são os meus amigos?

Segundos antes de cair em desespero, forçei e abri os olhos. Não. Definitivamente não era sonho. Eu sabia que estava aonde eu estava. E reconheci o teto do meu quarto e meu mural de elástico. Eu sabia que eu só tinha que abrir os olhos. Enquanto o quarto crescia na minha vista, o teto ainda desfocado, a ficha caiu. Eu não lembrava da escola porque não estava mais nela. Os amigos da escola, quase todos, ficaram para trás. Talvez no mesmo canto que deixei meus professores. Mas, e a fazenda? Que fazenda era? Não sei se era a que eu costumava ir quando criança, não lembro. Era mato. Tinha um lago barrento. Acabei de lembrar do lago barrento.
Devaneios. Estaria eu um pouco, ahn, louco?

Um comentário:

Luminosidade. disse...

ou apenas sonhando acordado.