Um dia desses eu fui tirar umas fotos pro trabalho. Eram umas fotos de uma ponte, pra calcular altura, sei lá. Até hoje não sei exatamente o que era. Sei que tava lá, me mandaram fazer as fotos, eu fui.
Já era perto do meio-dia, parei num barzinho mesmo pra almoçar. Quando eu desci do carro, esse molequinho ficou olhando pra mim. Fitando. Querendo ver o que diabos eu estava fazendo alí. Cá pra nós, eu me perguntava a mesma coisa: Quem era o moleque? O que ele fazia alí no meio daqueles pneus? Que pneus eram aqueles?
Me impressionou a cor do cabelo dele. Loirinho, quase branco. Um olhar inocente, meio amedrontado, desconfiado. Acho que por instinto fui lentamente levantando a máquina fotográfica. Deu alguma coisa no moleque que ele começou a se mexer. Quanto mais eu levantava a máquina, mais ele andava, já prevendo que eu tiraria uma foto dele. Ou talvez achasse que estava atrapalhando a minha foto. No instante em que ele ia sair do quadro, eu cliquei. Meio rápido, com medo de sair tremida, mas eu não podia perder aquele momento. Um menino pequenininho, em meio a pneus maiores que ele até, fazendo só Deus sabe o quê. Ficou a tal da foto "filha única de mãe solteira".
Depois disso, não vi mais o menino.
terça-feira, 26 de fevereiro de 2008
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008
Não eram nem dez da manhã quando a tela da máquina escureceu. Aos poucos o meu estranhamento foi se misturando ao de todos naquele andar do escritório. O que haveria acontecido?
Logo chegaram as primeiras notícias vindas do térreo: O nobreak estourou.
Lógico que eu fui checar se era verdade, mas, ao chegar lá, nem precisei perguntar nada a ninguém. A fumaça e o cheiro de queimado já denunciavam que o estrago não tinha sido mínimo. Podia nem ter sido uma catástrofe, mas também não era qualquer coisa. Era sério.
Uma boa quantidade de pessoas se acumulava na sala do aparelho explodido. Todas estáticas, mudas, assistindo pacientemente à impaciência do gerenciador de sistemas, a essa altura, com o ouvido grudado no telefone e os olhos vidrados em alguma coisa que não fazia parte do meu campo de visão. Alguém se move: “Liga pro Eletricista. Urgente!”. E lá vem o eletricista.
Eu, que não podia resolver nada mesmo, subi pra pensar no que eu iria fazer enquanto não haviam computadores na empresa. E eu não podia fazer nada. Tudo hoje depende dessa máquina infeliz. A dúvida era geral. Todo mundo se perguntava a minha pergunta e se respondia a minha resposta. Todos escravos do teclado, mouse e companhia.
Enquanto o computador não volta, uns conversam na salinha do café, outros lêem as notícias antigas – logo, já nem eram mais notícia – outros fazem qualquer outra coisa. Eu pego a caneta e escrevo.
Logo chegaram as primeiras notícias vindas do térreo: O nobreak estourou.
Lógico que eu fui checar se era verdade, mas, ao chegar lá, nem precisei perguntar nada a ninguém. A fumaça e o cheiro de queimado já denunciavam que o estrago não tinha sido mínimo. Podia nem ter sido uma catástrofe, mas também não era qualquer coisa. Era sério.
Uma boa quantidade de pessoas se acumulava na sala do aparelho explodido. Todas estáticas, mudas, assistindo pacientemente à impaciência do gerenciador de sistemas, a essa altura, com o ouvido grudado no telefone e os olhos vidrados em alguma coisa que não fazia parte do meu campo de visão. Alguém se move: “Liga pro Eletricista. Urgente!”. E lá vem o eletricista.
Eu, que não podia resolver nada mesmo, subi pra pensar no que eu iria fazer enquanto não haviam computadores na empresa. E eu não podia fazer nada. Tudo hoje depende dessa máquina infeliz. A dúvida era geral. Todo mundo se perguntava a minha pergunta e se respondia a minha resposta. Todos escravos do teclado, mouse e companhia.
Enquanto o computador não volta, uns conversam na salinha do café, outros lêem as notícias antigas – logo, já nem eram mais notícia – outros fazem qualquer outra coisa. Eu pego a caneta e escrevo.
domingo, 17 de fevereiro de 2008
QUARTA - FEIRA, UMA DA MANHÃ.
Hora de acordar. Ou melhor, eu não tinha dormido. Ao invés disso, fui jogar papo fora com uma amiga, numa cafeteria. Era hora, na verdade, de acordar a minha mãe, que me levaria ao aeroporto.
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Notícia ruim no check-in: Um amigo da família havia falecido em um acidente de carro nada leve. Fatalidades da vida.
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Notícia ruim no check-in: Um amigo da família havia falecido em um acidente de carro nada leve. Fatalidades da vida.
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Embarque pelo portão internacional. Não sei por que, mas passar pela Polícia Federal sempre me deixa apreensivo. Portão 8.
O avião finalmente decola, sem deixar pra trás aquela ponta de ansiedade. Essa, por sinal, cresce. Havia a possibilidade de encontrar velhos amigos no aeroporto de Guarulhos. Aliás, eu queria acreditar nessa possibilidade, embora a achasse um pouco inviável.
Tiro a minha revista Piauí de fevereiro na mochila e vou lendo no vôo 3165 da TAM. A escuridão vista da janela me fez dormir um sono leve, sempre interrompido por ruídos dos mais variados tipos (tosses, roncos, vozes abafadas e o maldito alto falante da aeronave, que sempre vem trazer notícias imbecís.) e o desconforto da poltrona irreclinável 10B, em frente à saída de emergência. Outra coisa, a meu ver, inútil. Alguém vai abrir aquilo em caso de queda? Quem vai ter sangue frio pra puxar aquela porta pesada (uns 13 quilos!) no meio de uma emergência?
Tiro a minha revista Piauí de fevereiro na mochila e vou lendo no vôo 3165 da TAM. A escuridão vista da janela me fez dormir um sono leve, sempre interrompido por ruídos dos mais variados tipos (tosses, roncos, vozes abafadas e o maldito alto falante da aeronave, que sempre vem trazer notícias imbecís.) e o desconforto da poltrona irreclinável 10B, em frente à saída de emergência. Outra coisa, a meu ver, inútil. Alguém vai abrir aquilo em caso de queda? Quem vai ter sangue frio pra puxar aquela porta pesada (uns 13 quilos!) no meio de uma emergência?
Normas de segurança à parte, já era perto das seis da manhã quando o procedimento de descida me fez atentar para um céu alaranjado. Era o nascer do dia 14 de fevereiro na capital paulista.
Lá de cima se viam luzes. Muitas luzes. A cidade era um labirinto esquisito e iluminado. Algumas luzes piscavam e eu até agora não sei se era efeito da minha sonolência. Pela janela, a cidade foi crescendo, tomando forma. As ruas alargaram e o movimento lá embaixo já era nitidamente acelerado.
Lá de cima se viam luzes. Muitas luzes. A cidade era um labirinto esquisito e iluminado. Algumas luzes piscavam e eu até agora não sei se era efeito da minha sonolência. Pela janela, a cidade foi crescendo, tomando forma. As ruas alargaram e o movimento lá embaixo já era nitidamente acelerado.
O POUSO
Meio caminho andado. Restava esperar que o relógio caminhasse sem pressa até às nove e meia. Enquanto isso, algumas fotos, o misto quente mais caro da minha vida e um livro legal. Do Mainardi. “Lula É Minha Anta”.
Meio caminho andado. Restava esperar que o relógio caminhasse sem pressa até às nove e meia. Enquanto isso, algumas fotos, o misto quente mais caro da minha vida e um livro legal. Do Mainardi. “Lula É Minha Anta”.
FROM: GRU. TO: MAO
Lendo o livro, esperei pelo embarque e decolagem. Não sei qual dos dois demorou mais.
Acho que antes de tirar os “pés” do chão, o sono toma conta, mas dura só até o avião se estabilizar no ar e a voz mecânica da aeromoça anunciar alguma coisa a qual eu não prestei atenção. O maldito alto-falante de novo. Vêm o café da manhã, as áreas de instabilidade – leia-se “turbulência do caralho” e a vontade de chegar logo.
Depois do café me bateu um sono violento. Desses que você só percebe que veio quando você já acordou. Nem a tosse nojentamente carregada da francesa sentada em minha frente me atrapalhou.
Lendo o livro, esperei pelo embarque e decolagem. Não sei qual dos dois demorou mais.
Acho que antes de tirar os “pés” do chão, o sono toma conta, mas dura só até o avião se estabilizar no ar e a voz mecânica da aeromoça anunciar alguma coisa a qual eu não prestei atenção. O maldito alto-falante de novo. Vêm o café da manhã, as áreas de instabilidade – leia-se “turbulência do caralho” e a vontade de chegar logo.
Depois do café me bateu um sono violento. Desses que você só percebe que veio quando você já acordou. Nem a tosse nojentamente carregada da francesa sentada em minha frente me atrapalhou.
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Não conversei com a fancesa, mas sei que era francesa. Não pela fala, mas pelo cheiro.
- Perfume francês? – me pergunta você.
- Só se for com aroma de gambá molhado – respondo eu.
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Não conversei com a fancesa, mas sei que era francesa. Não pela fala, mas pelo cheiro.
- Perfume francês? – me pergunta você.
- Só se for com aroma de gambá molhado – respondo eu.
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“PREPARAR PARA POUSO”
Isso me deu um certo alívio. Ia, finalmente, poder esticar as pernas. Estiquei um pouco o pescoço e pude ver Manaus pela janela. É assim: Uma mata fechada e muito – MUITO – grande, o rio Negro – falaremos dele em seguida – e a cidade.
A espera pelas malas foi demoradíssima. Até que, por fim, minha kipling preta foi parida pelo buraco no chão, de onde saía a esteira rolante.
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MEU BATISMO NA TERRA MANAUARA: Um belo bombom de cupuaçu!
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MEU BATISMO NA TERRA MANAUARA: Um belo bombom de cupuaçu!
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Saindo do aeroporto uma cena me fez, finalmente, tirar a máquina fotográfica da mochila. Aviões da extinta Vasp, ou melhor, VaspEx, entregue à ferrugem.
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Foi decepcionante chegar ao shopping e constatar que os eletro-eletrônicos são tão caros quanto em qualquer canto. A Zona Franca já não é mais a mesma.
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Um dado curioso: O Jornal Nacional vai ao ar às seis da tarde. Duas horas a menos de fuso horário.
Outro dado curioso: Os outdoors manauaras são encharcados de luxúria. Um deles, numa avenida da cidade, via-se a logomarca do lugar, o nome do estabelecimento – CABARET NIGHT CLUB – e o endereço. Sem slogan. Pra quê slogan, né? Como seria? "Comida fresca"? "Muito prazer!"? Enfim, não tenho manha de publicitário!
Do outro lado, é o “Super Hot Dog” que chama atenção, estampando a rua com a foto de um pão de cachorro-quente recheado com 30cm de salsicha (dizia no splash). Parece anúncio de filme do Kid Bengala, que exibe ainda um romântico casal dividindo o sanduíche. Cada um abocanhando um lado da salsicha, à moda “A Dama e o Vagabundo”.
Do outro lado, é o “Super Hot Dog” que chama atenção, estampando a rua com a foto de um pão de cachorro-quente recheado com 30cm de salsicha (dizia no splash). Parece anúncio de filme do Kid Bengala, que exibe ainda um romântico casal dividindo o sanduíche. Cada um abocanhando um lado da salsicha, à moda “A Dama e o Vagabundo”.
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RIO NEGRO E SOLIMÕES
Um das maiores atrações turísticas de Manaus é o encontro das águas dos rios Nego e Solimões. Aquela que a gente vê no Globo Repórter toda semana.
Eu fui ver de perto. Foi legal, bonito. Rendeu fotos. E fatos! Talvez a paisagem chame mais atenção do que o encontro das águas.
Sem dúvida nenhuma, o que mais me impressionou foi o “trabalho” dessas crianças. (depois coloco a foto "dessas" crianças. Não estou conseguindo agora.)
RIO NEGRO E SOLIMÕES
Um das maiores atrações turísticas de Manaus é o encontro das águas dos rios Nego e Solimões. Aquela que a gente vê no Globo Repórter toda semana.
Eu fui ver de perto. Foi legal, bonito. Rendeu fotos. E fatos! Talvez a paisagem chame mais atenção do que o encontro das águas.
Sem dúvida nenhuma, o que mais me impressionou foi o “trabalho” dessas crianças. (depois coloco a foto "dessas" crianças. Não estou conseguindo agora.)
Elas capturam animais silvestres e cobram para que turistas possam tirar fotos com eles. Algo como agenciadores da fauna amazonesne.
Não há sinais de maus-tratos.
O que impressiona mais ainda é a familiaridade que esses moleques têm com cobras, jacarés, bichos-preguiça (ou bichos-preguiças? Ou bicho-preguiças? Acho que é bichos-preguiça mesmo). A facilidade no manuseio e a rigidez na imobilização. A prática, de fato, leva à perfeição, mas, ainda assim, reservo-me o direito de ficar impressionado.
Não há sinais de maus-tratos.
O que impressiona mais ainda é a familiaridade que esses moleques têm com cobras, jacarés, bichos-preguiça (ou bichos-preguiças? Ou bicho-preguiças? Acho que é bichos-preguiça mesmo). A facilidade no manuseio e a rigidez na imobilização. A prática, de fato, leva à perfeição, mas, ainda assim, reservo-me o direito de ficar impressionado.
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Conversa de alguém com não sei quem sobre o encontro dos rios:
- Porque as águas não se misturam?
- Ah, por conta da densidade, da correnteza... e um pouco de racismo também.
Hahaha! Então tá explicado.
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Conversa de alguém com não sei quem sobre o encontro dos rios:
- Porque as águas não se misturam?
- Ah, por conta da densidade, da correnteza... e um pouco de racismo também.
Hahaha! Então tá explicado.
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Um último dado curioso: Trocaram a voz da locutora da INFRAERO! A nova tem um (não tão) leve tom de arrogância. Parece câmera lenta.
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Um último diálogo:
- Primo, quem nasce em Manaus é o que? – perguntei.
- Índio. – Ele respondeu.
- Acho que é manauara.
- Não falei que era índio!?
- Primo, quem nasce em Manaus é o que? – perguntei.
- Índio. – Ele respondeu.
- Acho que é manauara.
- Não falei que era índio!?
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Finalizando o meu post, deixo Manaus com uma bela de uma gripe, uma pequena fortuna em bombons de cupuaçu e uma vontade imensa de ficar mais um pouquinho.
terça-feira, 12 de fevereiro de 2008
sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008
Beto Carrero
Acordei um tanto assustado hoje. Decepcionado também. Logo cedo, no Bom Dia Brasil, me deparo com uma notícia que realmente me impressionou.
Morreu um cara, desses que quando você é criança, realmente acha que nunca vai morrer. Que tem como imortal.
Se eu falar que foi o João Batista Sérgio Murat ninguém dá valor, mas se eu falar que esse cara é (era) o Beto Carrero, talvez a sua reação seja igual à minha: "O BETO CARRERO MORREU?????"
João Murat morreu de endocardite infecciosa e choque cardiogênico. O Beto Carrero pode ter morrido de... de... PORRA, MAS O BETO CARRERO NÃO MORRE. Deve ter morrido de tiro, brigando com "malfeitores". O João Murat morreu aos 70 anos. O Beto Carrero deve ter morrido lá pelos vinte e poucos. João Murat tinha dois filhos. O Beto Carrero... bem, conheço várias pessoas que queriam ser filhas do Beto Carrero. O João morreu num hospital. O Beto se foi à cavalo.
Parece impossível que o Beto Carrero tenha morrido. O Beto Carrero não ia morrer nunca. Pelo menos não na minha cabeça.
Acho que é a mesma reação de ouvir que o Silvio Santos morreu. Todo mundo acha que aquele cara não morre nunca. Mas morre. Assim como o Beto Carrero, a Xuxa, o Didi e o Chaves.
Acho que é a mesma reação de ouvir que o Silvio Santos morreu. Todo mundo acha que aquele cara não morre nunca. Mas morre. Assim como o Beto Carrero, a Xuxa, o Didi e o Chaves.
Que vá em paz, então.
NOTA: Por um segundo achei que só eu me impressionaria com a morte do cara. Mas todo mundo olhou pra minha cara e disse "Deixa de mentira, Arthur". Tive que provar pela Globo.com que o Beto Carrero tinha morrido.
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