segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Não eram nem dez da manhã quando a tela da máquina escureceu. Aos poucos o meu estranhamento foi se misturando ao de todos naquele andar do escritório. O que haveria acontecido?
Logo chegaram as primeiras notícias vindas do térreo: O nobreak estourou.
Lógico que eu fui checar se era verdade, mas, ao chegar lá, nem precisei perguntar nada a ninguém. A fumaça e o cheiro de queimado já denunciavam que o estrago não tinha sido mínimo. Podia nem ter sido uma catástrofe, mas também não era qualquer coisa. Era sério.
Uma boa quantidade de pessoas se acumulava na sala do aparelho explodido. Todas estáticas, mudas, assistindo pacientemente à impaciência do gerenciador de sistemas, a essa altura, com o ouvido grudado no telefone e os olhos vidrados em alguma coisa que não fazia parte do meu campo de visão. Alguém se move: “Liga pro Eletricista. Urgente!”. E lá vem o eletricista.
Eu, que não podia resolver nada mesmo, subi pra pensar no que eu iria fazer enquanto não haviam computadores na empresa. E eu não podia fazer nada. Tudo hoje depende dessa máquina infeliz. A dúvida era geral. Todo mundo se perguntava a minha pergunta e se respondia a minha resposta. Todos escravos do teclado, mouse e companhia.
Enquanto o computador não volta, uns conversam na salinha do café, outros lêem as notícias antigas – logo, já nem eram mais notícia – outros fazem qualquer outra coisa. Eu pego a caneta e escrevo.

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