domingo, 17 de fevereiro de 2008





QUARTA - FEIRA, UMA DA MANHÃ.

Hora de acordar. Ou melhor, eu não tinha dormido. Ao invés disso, fui jogar papo fora com uma amiga, numa cafeteria. Era hora, na verdade, de acordar a minha mãe, que me levaria ao aeroporto.
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Notícia ruim no check-in: Um amigo da família havia falecido em um acidente de carro nada leve. Fatalidades da vida.
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Embarque pelo portão internacional. Não sei por que, mas passar pela Polícia Federal sempre me deixa apreensivo. Portão 8.

O avião finalmente decola, sem deixar pra trás aquela ponta de ansiedade. Essa, por sinal, cresce. Havia a possibilidade de encontrar velhos amigos no aeroporto de Guarulhos. Aliás, eu queria acreditar nessa possibilidade, embora a achasse um pouco inviável.
Tiro a minha revista Piauí de fevereiro na mochila e vou lendo no vôo 3165 da TAM. A escuridão vista da janela me fez dormir um sono leve, sempre interrompido por ruídos dos mais variados tipos (tosses, roncos, vozes abafadas e o maldito alto falante da aeronave, que sempre vem trazer notícias imbecís.) e o desconforto da poltrona irreclinável 10B, em frente à saída de emergência. Outra coisa, a meu ver, inútil. Alguém vai abrir aquilo em caso de queda? Quem vai ter sangue frio pra puxar aquela porta pesada (uns 13 quilos!) no meio de uma emergência?

Normas de segurança à parte, já era perto das seis da manhã quando o procedimento de descida me fez atentar para um céu alaranjado. Era o nascer do dia 14 de fevereiro na capital paulista.
Lá de cima se viam luzes. Muitas luzes. A cidade era um labirinto esquisito e iluminado. Algumas luzes piscavam e eu até agora não sei se era efeito da minha sonolência. Pela janela, a cidade foi crescendo, tomando forma. As ruas alargaram e o movimento lá embaixo já era nitidamente acelerado.

O POUSO
Meio caminho andado. Restava esperar que o relógio caminhasse sem pressa até às nove e meia. Enquanto isso, algumas fotos, o misto quente mais caro da minha vida e um livro legal. Do Mainardi. “Lula É Minha Anta”.

FROM: GRU. TO: MAO
Lendo o livro, esperei pelo embarque e decolagem. Não sei qual dos dois demorou mais.
Acho que antes de tirar os “pés” do chão, o sono toma conta, mas dura só até o avião se estabilizar no ar e a voz mecânica da aeromoça anunciar alguma coisa a qual eu não prestei atenção. O maldito alto-falante de novo. Vêm o café da manhã, as áreas de instabilidade – leia-se “turbulência do caralho” e a vontade de chegar logo.
Depois do café me bateu um sono violento. Desses que você só percebe que veio quando você já acordou. Nem a tosse nojentamente carregada da francesa sentada em minha frente me atrapalhou.
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Não conversei com a fancesa, mas sei que era francesa. Não pela fala, mas pelo cheiro.
- Perfume francês? – me pergunta você.
- Só se for com aroma de gambá molhado – respondo eu.

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“PREPARAR PARA POUSO”
Isso me deu um certo alívio. Ia, finalmente, poder esticar as pernas. Estiquei um pouco o pescoço e pude ver Manaus pela janela. É assim: Uma mata fechada e muito – MUITO – grande, o rio Negro – falaremos dele em seguida – e a cidade.
A espera pelas malas foi demoradíssima. Até que, por fim, minha kipling preta foi parida pelo buraco no chão, de onde saía a esteira rolante.

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MEU BATISMO NA TERRA MANAUARA: Um belo bombom de cupuaçu!
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Saindo do aeroporto uma cena me fez, finalmente, tirar a máquina fotográfica da mochila. Aviões da extinta Vasp, ou melhor, VaspEx, entregue à ferrugem.






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Foi decepcionante chegar ao shopping e constatar que os eletro-eletrônicos são tão caros quanto em qualquer canto. A Zona Franca já não é mais a mesma.
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Um dado curioso: O Jornal Nacional vai ao ar às seis da tarde. Duas horas a menos de fuso horário.
Outro dado curioso: Os outdoors manauaras são encharcados de luxúria. Um deles, numa avenida da cidade, via-se a logomarca do lugar, o nome do estabelecimento – CABARET NIGHT CLUB – e o endereço. Sem slogan. Pra quê slogan, né? Como seria? "Comida fresca"? "Muito prazer!"? Enfim, não tenho manha de publicitário!
Do outro lado, é o “Super Hot Dog” que chama atenção, estampando a rua com a foto de um pão de cachorro-quente recheado com 30cm de salsicha (dizia no splash). Parece anúncio de filme do Kid Bengala, que exibe ainda um romântico casal dividindo o sanduíche. Cada um abocanhando um lado da salsicha, à moda “A Dama e o Vagabundo”.
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RIO NEGRO E SOLIMÕES
Um das maiores atrações turísticas de Manaus é o encontro das águas dos rios Nego e Solimões. Aquela que a gente vê no Globo Repórter toda semana.
Eu fui ver de perto. Foi legal, bonito. Rendeu fotos. E fatos! Talvez a paisagem chame mais atenção do que o encontro das águas.

Sem dúvida nenhuma, o que mais me impressionou foi o “trabalho” dessas crianças. (depois coloco a foto "dessas" crianças. Não estou conseguindo agora.)

Elas capturam animais silvestres e cobram para que turistas possam tirar fotos com eles. Algo como agenciadores da fauna amazonesne.
Não há sinais de maus-tratos.
O que impressiona mais ainda é a familiaridade que esses moleques têm com cobras, jacarés, bichos-preguiça (ou bichos-preguiças? Ou bicho-preguiças? Acho que é bichos-preguiça mesmo). A facilidade no manuseio e a rigidez na imobilização. A prática, de fato, leva à perfeição, mas, ainda assim, reservo-me o direito de ficar impressionado.
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Conversa de alguém com não sei quem sobre o encontro dos rios:
- Porque as águas não se misturam?
- Ah, por conta da densidade, da correnteza... e um pouco de racismo também.
Hahaha! Então tá explicado.
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Um último dado curioso: Trocaram a voz da locutora da INFRAERO! A nova tem um (não tão) leve tom de arrogância. Parece câmera lenta.
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Um último diálogo:
- Primo, quem nasce em Manaus é o que? – perguntei.
- Índio. – Ele respondeu.
- Acho que é manauara.
- Não falei que era índio!?
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Finalizando o meu post, deixo Manaus com uma bela de uma gripe, uma pequena fortuna em bombons de cupuaçu e uma vontade imensa de ficar mais um pouquinho.

3 comentários:

Luminosidade. disse...

sua narrativa me lembrou um livro que eu li recentemente, "o testamento", no qual um advogado vai procurar uma missionária que trabalha no pantanal mato-grossense e que herdou uma super quantia do pai bilionário.
manaus, mata, pantanal...
huhuhuhuhu...
=)

Unknown disse...

Texto muito manero ae!


ahahahahahahahahahaa

É claro que é brincaderia né? Depois de tal demonstração de conhecimento cultural e de vernáculo, o último comentário que voce gostaria de ver aqui seria esta gíria tosca: " Texto muito manero ae!" rsrsrsrsr


Mas em tempo e plageando tio Roberto, "falando sério",realmente o texto ficou muito bem escrito e as idéias capichosamente explanadas. Parabéns!

Luminosidade. disse...

obrigada pelo complemento!
hhuahuehuahe...
nem me fale, o doutorado do professor de "mídia e ética" lá da UFAL é sobre o BBB! ele analisa todos os aspectos do programa desde o seu início! tu achas que ele não tira uma casquinha?
;)