Aí ontem eu estava voltando pra casa com minha avó e o caseiro do "Pau Amarelo", sítio da nossa família, no interior de Alagoas. Ele trabalha com minha família há muito tempo. Não sei quanto, mas muito tempo. O nome dele é Zequinha.
"Zequinha" porque foi batizado com esse nome. Mais tarde virou José Pedro da Silva, mas até então era Zequinha. E até hoje é.Zequinha é o cara típico de interior: Sorriso no rosto, voz mansa, fala cantada, trabalhador de mão calejada. Entende tudo de plantar, colher e sempre começa as frases com "Aaah...", por exemplo: "Aaah, hoje vai fazer chuva", "Aaah, mas essa fruta não dá la no Pau Amarelo não.". Quando vem a Maceió é porque vai ter festa. E ele vai trabalhar até o fim dela, sem tirar o sorriso do rosto. E já deixa avisado em casa, para esposa e filhos: "Aaah, não sei quando volto não."Ele veio pra ajudar no casamento de uma prima minha, no dia 5 de janeiro. "Aaah, já avisei em casa, só volto lá pro dia oitxo".
Ele tem uma risada engraçada. É difícil escrever fonemas, mas é algo como "Ehên Hén Hén".
Minha avó falava com ele sobre as pessoas que moravam ao redor do sítio quando ela era criança.
- E dona Fulana?
- Aah, dona Fulana tá lá.
- Acho que nem a reconheço mais.
- Aaah, conheçe mais não. Ela pegou uma doença... Tá com o rosto todo "pilicadinho".
- É vitiligo?
- Ééé isso aí.
- E dona Sicrana?
- Aaah, tá tão veinha, tão magriiinha... Ehên Hén Hén.
Zequinha é uma figura ímpar. Nunca conheci um cara como ele. Morre de amores pelo Pau Amarelo. Se perguntar, ele diz "Aaah, mas é bom demais o Pau Amarelo. Minha vida é aquilo alí... Ehên Hén Hén"
Nenhum comentário:
Postar um comentário